sexta-feira, 8 de maio de 2009

Turismo Cultural num Patrimônio da Humanidade

Tombada pela UNESCO, Cartagena de Índias é solar!!

Maurício Moraes

Na Colômbia, as estações do ano não são medidas em meses do ano, mas em metros de altitude. Cortado pela linha do Equador, o país vê pouca variação na temperatura das cidades.

Bogotá, a 2.640 m, vive num clima mais frio. Medellín, no meio da montanha, uma primavera sem fim. Verão é privilégio de Cartagena de Índias, no litoral norte do país. Além de sol, a cidade, voltada para o Caribe, tem arquitetura colonial de grandes proporções e inúmeras histórias para contar.

Cartagena são duas: a moderna, com prédios, hotéis e lojas que se encontram em qualquer parte do mundo, e a antiga, que só se encontra na Colômbia.

Tombada em 1984 pela UNESCO, é recortada por uma baía, da cor do mar do Caribe. Mas, de uma das partes da muralha (que possui 13 Km e cerca a Cidade Velha), percebe-se que Cartagena é ocre, apesar da profusão das cores das suas inúmeras fachadas.

A cidade foi fundada em 1533 e se tornou o principal porto do império espanhol nas Américas. O lugar também foi um importante entreposto do comércio de escravos. A opulência do passado e a herança africana são bastantes visíveis na cidade.

Folha Imagem

Casas coloridas em Cartagena, cidade do Caribe colombiano fundada em 1533 que foi importante porto do império espanhol



História Presente

O casario, com os tradicionais balcões de madeira, típicos da arquitetura hispânica, estão por todap arte, assim como as mulheres que vendem frutas.

Em Cartagena, as ruas são estreitas e tortuosas. Um ótimo pretexto para se perder (e logo se encontrar, já que a cidade histórica é pequena). O ponto mais agradável é o parque Bolívar, uma pequena praça arborizada, com quatro fontes d´agua ao estilo mourisco e a estátua do libertador americano.


Silvio Cioffi/ Folha ImagemDetalhe de rua, toda colorida pelas fachadas das casas típicas



Azul da cor do mar


Embora o mar azul seja parte inerente da paisagem de Cartagena, e o calor brutal, um convite constante para entrar na água, o forte da cidade balneária não são as suas praias. Dá para se arriscar no bairro deBocagrande, mas o cenário paradisíaco do Caribe está preservado em ilhas próximas dali.

Silvio Cioffi/ Folha Imagem

Prédio de esquina na cidade que é cartão-postal da Colômbia

Fonte: Jornal FOLHA DE SÃO PAULO, caderno de TURISMO de quinta-feira, 07/05/2009.










Turismo de Aventura em Paisagens Surreais

Deserto do Atacama: um cenário de outro mundo!
Como afirma a bem sucedida campanha publicitária do Órgão do Turismo Chileno, o Chile é um país de grandes contrastes. Lá, é possível encontrar de tudo um pouco: das montanhas nevadas e dos glaciares da Patagônia a balneários como Valparaíso. E tem até deserto, o Atacama. Trata-se do deserto mais árido de todo o planeta, com paisagens de tirar o fôlego. São vulcões, oásis, lagunas e uma fauna que seduzem qualquer viajante com um preparo físico razoável - o ar é rarefeito e as alterações de temperatura (muito calor durante o dia, e bastante frio à noite) dificultam passeios mais prolongados.

Sebastián Sepúlveda Vidal/ Tierra Atacama

O Salar de Tara, um dos lugares mais visitados do Atacama, é também programa de excursão de hotéis como o Tierra Atacama



[...] Tudo bem, temos o Jalapão, temos os lençõis Maranhenses, pródigos em imagens incrivéis. Mas o Atacama é diferente. Como em um sonho de Kurosawa, você pode passar de um cenário de rochas e areia para uma lagoa paradisíaca; pode ir do calor de 40 graus centígrados para um frio por vezes abaixo de zero. O ar rarefeito e as grandes distâncias também contribuem para fazer de uma viagem ao deserto do Atacama uma jornada sem par no mundo.


Glaúcio Castro

Os Gêiseres del Tatio: a água sai quase fervendo vinda do centro da Terra. Paisagens surreais.



Sítios Arqueológicos valiosos


Impressionantes sítios arqueológicos próximo a San Pedro de Atacama são opções imperdíveis para quem vive "com um pé no passado". Administrada por uma comunidade indígena local, Pukara fica distante apenas três quilômetros do centro da pequena San Pedro de Atacama. Da gigantesca fortaleza erguida no século XII, localizada estrategicamente em uma encosta, a antiga fortaleza foi praticamemte dizimada pelos espanhóis durante a ocupação ocorrida em 1540.


Patrimônio cultural da humanidade, o antigo povoado de Tulor é outro ponto interessante a ser "descoberto". Construído a cerda de 3 mil anos, o lugar foi completamente encoberto pelas areias do deserto. Restam, hoje as ruínas circulares, que dão a noção exata do modo de vida daquela população primitiva.

Glaúcio Castro

À noite, faz muito frio no deserto. De manhã cedo, costuma-se ver cenas assim: um rio congelado

Fonte: Jornal HOJE EM DIA de quinta-feira, 30/04/2009.



Turismo Gastronômico

Um alambique de dois séculos e um simples pudim de leite


Pertinho de Tiradentes (MG) há uma cidade chamada Coronel Xavier Chaves. O tal do Coronel Xavier Chaves era bisneto da irmã de Tiradentes, Antônia Rita da Encarnação Xavier. Na pequena cidade, que fica a cerca de 20 quilômetros de Tiradentes, está o mais antigo engenho de cachaça em atividade no país, o Engenho Boa Vista, que produz a cristalina Século XVIII, de propriedade de Rubens Chaves (na foto, na frente da roda d'água do seu alambique), por sua vez bisneto do coronel.


O engenho foi construído em 1755 e, desde então, nunca parou de produzir cachaça artesanal de boa qualidade. Diz a História que o alambique funcionava na fazenda do irmão caçula de Tiradentes, padre Domingos da Silva Xavier. Há pouco mais de 20 anos, Rubens Chaves se aposentou e decidiu trocar Belo Horizonte pela região onde nasceu, comprando de um primo o engenho histórico. Resolveu, então, dar continuidade ao negócio da produção de cachaça, no qual a família está envolvida há sete gerações.


"Eu não tenho uma destilaria, tenho um museu que funciona como destilaria", afirma Rubens. E faz questão de dizer, ainda, que a sua cachaça não é envelhecida em barris de madeira. "Minha cachaça é cristalina, não tem vergonha de ser cachaça". O envelhecimento se dá nas próprias garrafas, e o visitante pode comprar cachaças engarrafadas há 20 anos. As visitas devem ser marcadas com o próprio Rubens, que costuma fazer uma degustação aos sábados, das 10h às 12h. Importante registrar que, para a produção dos 20 mil litros anuais da Século XVIII, Rubens usa cana orgânica da própria fazenda. A Século XVIII só é vendida no próprio engenho ou na Pousada Sobrado. Fora de Coronel Xavier Chaves é praticamente impossível encontrá-la. Mas ele entrega em várias cidades do Brasil, é só entrar em contato.


Rubens é casado D. Cida Chaves, cozinheira de mão cheia, pesquisadora da comida regional brasileira, principalmente a mineira do século XIX. D. Cida é paulista, mas está em Minas há 50 anos. O visitante pode aproveitar o passeio e se hospedar na Pousada Sobrado, casarão centenário do início do século XX (1902), reformado pelo casal para servir de moradia e hospedagem aos visitantes. São apenas seis quartos finamente decorados, num ambiente que lembra mais um museu do que uma casa. Tudo muito bem cuidado e preservado.


O melhor de tudo, porém, é poder deliciar-se com a comida de D. Cida. Ela não cozinha todos os dias, por isso é bom encomendar com antecedência. Como sugestão, o lombo descansado, acompanhado de farofa de taioba, arroz e feijão. Trata-se de um lombinho de porco assado que, depois de pronto, é conservado na gordura, antes de ir para a mesa. A farofa é feita com farinha do milho da fazenda, moído em moinho de pedra, movido a roda d'água. E o feijão também é da fazenda. Como sobremesa, um simples pudim de leite condensado. Simples? Mais ou menos, pois o detalhe é que o leite é condensado na cozinha da casa, no fogão a lenha, sem açúcar. Vai daí, o sabor é simplesmente dos deuses. Um senhor pudim de leite!.


Endereço e telefone
Cachaça Século XVIII / Pousada Sobrado
Praça Eduardo Chaves 99 - Cel. Xavier Chaves. Tel: (32) 3357-1238

Por Chico Junior
Chico Junior é jornalista e escritor; autor do livro Roteiros do Sabor Brasileiro - que une turismo e a gastronomia regional do Brasil - e Roteiros do Sabor do Estado do Rio de Janeiro. Também publica o blog: http://www.bloglog.com.br/chicojunior